sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A PSICOLOGIA DE UM VOTO




Falar de política é sempre um desafio, e essa, certamente não é a proposta dessa matéria, mas sim, entender o comportamento de um eleitor quando chega o momento de decidir sobre quem serão seus futuros dirigentes. É muito fácil compreender o motivo pelo qual tanto se fala o famoso jargão: “política não se discute”. Seres humanos são diferentes, e isso naturalmente gera opiniões diferentes. Por essa razão, discutir política dentro do meio social, no trabalho, e até dentro de casa, pode despertar discussões ferrenhas, justamente em razão das maneiras diferentes que cada pessoa tem de pensar, interpretar e compreender o comportamento e atitudes de cada candidato. As crenças e valores morais, pessoais, éticos que cada pessoa carrega dentro de si, assim como o nível de compreensão, influenciam diretamente o modo como ela formará sua decisão, juntando-se a isso ainda outros elementos, como vantagens, benefícios, etc. Um mesmo candidato pode ser visto por diversos eleitores de formas diferentes: como um radical, um oportunista, um herói, um injustiçado, uma vítima das circunstâncias, um dissimulado, e pelos mais diversos pontos de vista.

Um eleitor pode usar diversos critérios para formar seu voto. Alguns, menos ousados, utilizam o critério do comodismo, de votar como sempre se votou, com o pensamento de que “é melhor deixar do jeito que está, para não piorar”, se é que já não estamos no pior momento possível! Alguns fazem suas escolhas pela proximidade ou afinidade com um ou outro candidato, ou pela possibilidade de conseguir alguma vantagem no futuro. Outros, podem usar o critério da rebeldia, e achar que é melhor investir logo de uma vez na oposição, para ver se dessa vez algo muda. Outros eleitores, utilizam o critério da fuga, decidindo usar, como forma de protesto, o voto “em branco” ou “nulo”, achando que com isso, estará mostrando algum tipo de decisão, quando isso na verdade se torna nada mais do que uma forma de evitar a “dor” da escolha, ao invés de enfrentar e se responsabilizar por ela.

Muitas pessoas votam, com base na emoção do medo, da insegurança. O medo de ser enganado novamente, ou ainda, para outros, o medo de perder algo que já possuem, como algum benefício social, financeiro, mesmo que o preço que se pague por isso no futuro, seja muito maior do que o próprio benefício em si. Enquanto alguns votam de modo independente da maioria, milhões de pessoas ainda votam de acordo com a massa, sendo guiados por pesquisas ou estatísticas, “amostras” essas que podem não corresponder a realidade dos votos de todo um país. Muitos se deixam levar pela opinião alheia, pela onda social, ao invés de construir sua própria opinião. Obviamente alguns podem ter realmente dentro de si uma opinião convicta de que o caminho da maioria seja o melhor caminho, e se for assim, tudo bem, contanto que seja uma conclusão que ele mesmo tirou baseado em evidências e fatos reais, e não em suposições de outras pessoas, e muito menos, baseado na emoção. No entanto, muitos eleitores dão mais importância aos números e à quantidade, do que a qualidade. São aqueles que têm medo de arriscar em alguém que possa ter “menos chance de ganhar”, o que mostra pessimismo e desesperança. 


Emoções influenciam fortemente nossas decisões. Nesse momento, pessoas do país inteiro votam muito mais com base em suas emoções do que na razão. Alguns estão fazendo escolhas baseados na raiva, no medo, no rancor, na insegurança, na tristeza, outros já podem estar decidindo seus votos com base na compaixão, na piedade, na vingança, no senso de justiça.

Para mudar algo para melhor, é importante saber que as emoções podem camuflar evidências escancaradas, e por isso, é preciso usar, junto à razão, aquelas emoções que ampliem nossa inteligência e nos impulsione para algo mais concreto, como a esperança, o otimismo, a persistência e a coragem, elementos esses que nos conduzem mais à construção de algo, do que à reclamação e à destruição daquilo que já está perdido. O voto é um ato de responsabilidade de todos. Toda decisão envolve riscos. No entanto, para tomar uma decisão e reduzir a margem de erro, existem dados e evidências nos quais podemos nos apoiar, e a partir disso, fazer com que nosso voto seja guiado pelo equilíbrio entre a razão e a emoção, e não pelo domínio de um sobre o outro.

Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA) e autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).




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