O luto pode ser descrito como um desejo de trazer de volta a pessoa que morreu, muita desorganização e tristeza. Ele pode ser experimentado como uma reação mental, física, social ou emocional. A dor que é sentida não é apenas pela pessoa que morreu, mas também pelos desejos e planos não realizados com aquele que se foi. Muitos se veem também envolvidos pela emoção do medo e da insegurança, o medo do futuro, de tomar decisões que até então não eram suas, de se tornar o responsável principal por uma família, tanto do ponto de vista afetivo, emocional, como financeiro.
O processo de luto passa por diversas etapas, começando com o reconhecimento da perda até a aceitação. Cada um busca sua própria forma de lidar com a dor da perda, e isso também está ligado à forma e às circunstâncias da morte. No primeiro momento, as pessoas mais próximas podem entrar em um estado de negação, descrença, não aceitando o que aconteceu. A partir daí, surgem, além da tristeza, emoções como a raiva, ou então a culpa, por não ter tido tempo suficiente para falar ou demonstrar algo àquele que se foi. O humor passa a ficar mais deprimido, memórias ricas em detalhes passam a ficar mais vívidas, em uma tentativa constante de compreender a lógica dos fatos e a lógica da vida. A mudança real, no entanto, só acontece a partir do momento que ocorre a aceitação da perda. Aceitar a separação da pessoa que morreu, envolve a capacidade de redirecionar a energia emocional, ajustar-se à vida sem a pessoa ao seu lado, e retomar as atividades habituais.
Ao mesmo tempo, tomar consciência da morte pode ter um poderoso efeito positivo e trazer uma mudança radical de atitude e perspectiva. Quando enfrentamos a morte de forma ativa e direta, há uma chance de transcendermos a ansiedade e a insegurança e vivenciarmos seu potencial de transformação, criando uma nova capacidade de viver no presente, ao invés de nos mantermos presos ao passado ou ao futuro. O luto leva pessoas a desenvolverem atitudes apreciativas diante da vida, sentimentos de gratidão por aspectos banais que até então não eram valorizados, e também, a cultivarem relacionamentos familiares e elementos como a afetividade, a compaixão, a solidariedade, a empatia. Preocupações e ansiedades do dia-a-dia, passam a não ter mais tanta importância diante de outros fatores mais relevantes, como a presença de alguém, tornando as pessoas mais sensíveis, e fazendo com que coisas que até então muitos não prestavam atenção, acabem se tornando notavelmente vívidas e belas. Isso também leva pessoas a refletirem sobre o uso efetivo do tempo, não somente para si próprio, mas também para aqueles que amamos, e para aquilo que é realmente importante na vida.
Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA) e autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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