quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

MUITOS FALAM, MAS POUCOS SE DISPÕEM A OUVIR



O ato de falar é um marco importante no início de nossas vidas e um dos sinais saudáveis do desenvolvimento da criança. No entanto, ouvir é uma habilidade tão importante, porém, frequentemente ignorada pela família, educadores e pessoas ao nosso redor. Somos todos ensinados a ouvir nossos pais, professores, amigos, clientes, no entanto, poucos foram ensinados a ouvir bem, durante uma conversa, com uma escuta ativa e disciplinada, onde sejamos capazes de nos colocar no lugar do outro, examinar e desafiar as informações que ouvimos, e, com isso, melhorar a qualidade da comunicação. 

Ouvir não é somente um ato voltado para agradar alguém, mas também para desenvolver, dentro de nós, novos insights e ideias que nos ajudam a crescer e alimentam o sucesso pessoal. Embora a maioria das pessoas se concentre em apresentar suas próprias opiniões e pontos de vista da forma mais eficaz possível, a atitude de apenas querer falar, e de algumas vezes, interromper o outro, acaba gerando conflitos interpessoais, mal-entendidos e insatisfação. Para se ter ideia do quanto o ato de ouvir tem sido cada vez mais difícil, já existem hoje até cursos que ensinam pessoas a ouvirem de forma atenta, ajudando-as a melhorar habilidades de escuta, de respeito, de paciência e de empatia, durante uma conversa.

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Ouvir é um ato de generosidade, de compaixão, onde mesmo que a pessoa esteja na ânsia de falar suas próprias histórias, angústias ou opiniões, ela consegue deixar momentaneamente suas necessidades pessoais de lado, usando seu tempo e atenção para ouvir as necessidades de uma outra pessoa. Bons ouvintes reconhecem que as informações daqueles que as rodeiam são importantes e por isso querem que essas pessoas saibam o quanto essas informações são únicas e valiosas. Demonstrar respeito pelas ideias das outras pessoas, aumenta a probabilidade de que os outros retribuam, nos ouvindo também. Só porque algo foi feito de determinada maneira no passado, não significa que não exista uma maneira melhor de fazê-lo, e é isso que faz com que grupos de pessoas possam construir novos conhecimentos e formas de pensar ao longo do tempo. 

Bons ouvintes procuram compreender, estando muitas vezes dispostos a desafiar suposições antigas e acalentadas, que nos fazem pensar que somos os únicos que estamos certos. Um bom ouvinte faz mais perguntas do que afirmações, afim de provocar reflexões no outro, e extrair informações importantes para ajudá-las a pensar e descobrir novas ideias, soluções e planos de ação, ao invés de somente ouvir passivamente, sem vontade ou de um modo distraído. Perguntas respeitosas e bem direcionadas ajudam o outro a organizar seus pensamentos e tomar melhores decisões.

Imagem relacionadaOuvir de forma atenta e paciente, definitivamente não é algo fácil de realizar, já que existe uma tendência universal das pessoas acreditarem que seus julgamentos e suas ideias são as melhores. É uma pena, pois ao achar que sabemos mais do que o outro, podemos estar perdendo a oportunidade de ganhar a sua confiança, e de descobrir algo diferente ou melhor do que aquilo que já sabemos.

Apesar da dificuldade em suprimir nossos próprios impulsos de falar mais do que ouvir, com paciência e prática é possível controlá-los, melhorando a qualidade da comunicação, e consequentemente, dos relacionamentos, deixando para falar aquilo que pensamos no momento certo, afim de fazer com que a conversa, ao invés de uma via de mão única, torne-se uma troca, onde cada um precisa ter a sua vez de falar e, obviamente, de ser ouvido.

Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmicaPossui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018). 



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