INDECISÃO – POR QUE AS PESSOAS TÊM TANTA DIFICULDADE EM DECIDIR?
Com a globalização, a informação e a tecnologia, criou-se uma infinidade de opções de produtos e serviços, como no setor de alimentação, vestuário, saúde, estética, educação, trabalho, lazer, entre outros, inculcando nas pessoas cada vez mais a necessidade da escolha, da seletividade, e, sobretudo, da ação. O resultado é que isso tudo gera o impasse da escolha e uma dificuldade cada vez maior de tomar decisões, o que resulta na perda de oportunidades justamente pelo estado de paralisação e de inação do indivíduo.
Uma razão comum para a indecisão é a necessidade de certeza - a necessidade de estar cem por cento certo de algo e de que não haverá riscos de dar errado ou de ter qualquer outro tipo de prejuízo, seja ele de tempo, de dinheiro, ou até emocional. Embora este desejo da certeza seja compreensível até certo ponto, ele pode se tornar uma obsessão irracional, desencadeando uma preocupação excessiva. Pode-se também atribuir a raiz da indecisão à falta de autoconfiança ou à baixa autoestima, e à incapacidade de lidar com a frustração. A falta de confiança acaba levando a pessoa a simplesmente não tomar nenhuma decisão e deixar o tempo passar.
São diversos os fatores ligados à indecisão, desde fatores psíquicos, crenças internas, o medo, a insegurança, até fatores sociais. A indecisão frequente prejudica muitas áreas da vida de uma pessoa, e, apesar de muitos acharem normal, é necessário buscar uma forma mais duradoura de tratar e resolver essa questão, pois além da perda de oportunidades, os efeitos da indecisão podem repercutir nos relacionamentos afetivos, na carreira, e, sobretudo, na saúde física, em razão do estresse e da angústia gerados pela situação.
As pessoas podem ser indecisas por várias razões, mas quando a incapacidade de tomar decisões se torna persistente, pode levar a experiências de vida negativas ou ser indicativo de um problema de saúde mental subjacente. A pessoa fica paralisada, fica procrastinando, não consegue agir e passa a sentir uma angústia profunda, a qual gera um estresse que vai terminar em algum comportamento negativo, o qual surge como uma forma de fugir do impasse, como por exemplo, comer demais, dormir demais, apelar para as bebidas ou para as compras, ou então se esforçar para lidar com o estresse interno, que por si só já impacta a saúde física. Diante de escolhas e opções múltiplas, a pessoa pode se sentir sobrecarregada, o que afeta ainda mais a sua capacidade de tomar decisões gerando uma bola de neve e mais frustração.
Alguns estudos associam a indecisão a sintomas de depressão e a alguns transtornos de personalidade, à ansiedade e ao transtorno obsessivo-compulsivo. No entanto, apesar de algo comum, há poucas pesquisas sobre indecisão, justamente por ser algo que parece ser normal e rotineiro. O comportamento de uma pessoa indecisa pode ser o mais variado possível, como por exemplo, a percepção da decisão como algo "difícil", não saber como decidir, demorar muito para decidir, a incerteza antes e após a tomada da decisão, atrasar e evitar decisões ou deixar as decisões para os outros tomarem, mudar de decisão constantemente, preocupar-se excessivamente com os riscos e com o “dinheiro” que pode-se perder, ou então ficar se lamentando sobre as decisões tomadas, antes mesmo de ver os resultados.
Outro ponto importante a ser lembrado com relação à dificuldade de decidir é o impacto negativo do perfeccionismo. O desejo em fazer as coisas com o máximo de perfeição, acaba gerando um excesso de preocupação e estresse. A necessidade de perfeição complica não apenas as decisões mais simples, como também deixa a pessoa insatisfeita e preocupada com a validade daquilo que ela fez, ou seja, fica no ar a famosa pergunta: “será que eu fiz a coisa certa?” ou, “será que eu devia ter escolhido outra coisa?”, perguntas essas que fazem as pessoas lembrarem as outras escolhas que foram deixadas de lado e ficar se remoendo. Muitas vezes é importante "confiar no próprio instinto" e também aprender a lidar com a frustração de uma decisão errada, pois nem tudo na vida vem com a garantia de “ser algo ótimo”, de “dar certo” ou de trazer um resultado 100% satisfatório, como gostaríamos.
Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA) e autora do Manual de Psicologia Positiva (Ed. Qualitymark/2018)
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