quarta-feira, 15 de outubro de 2025

FOME EMOCIONAL



Comer. Uma necessidade ligada à sobrevivência, mas que, pode nos levar à morte tanto pela falta, quanto pelo excesso. Mais do que uma necessidade física, o ato de comer está intrinsecamente relacionado a questões emocionais, culturais, sociais. A comida faz parte de momentos onde vivenciamos os sentimentos mais diferentes possíveis, sejam positivos ou negativos. A tristeza, a raiva, a ansiedade, podem ser gatilhos para a comida, como forma de confortar ou aliviar a dor, assim como a alegria e a diversão também, porém com outro intuito: comemorar ou celebrar, já que as melhores lembranças da vida são sempre acompanhadas de comida: aniversários, casamentos, festas, almoços, reuniões de família, entre outros.

O ser humano busca a felicidade basicamente por dois caminhos. O da gratificação imediata, que traz a sensação de conforto e segurança. E o outro, o caminho da felicidade mais duradoura, da excelência, que vem da busca de algo maior, de um propósito. Muitas pessoas utilizam a comida e a bebida como válvula de escape para dor, para lidar com frustrações, decepções, ou também, para se consolarem em momentos de solidão. E aí, chega um ponto, onde a comida se torna, para muitos, uma das poucas fontes de alegria na vida. A fome emocional é muito mais exigente que a fome real. Ela não aceita ‘’qualquer’’ tipo de comida, mas somente aquelas mais ‘’especiais’’ e ‘’saborosas’’. Um dos sinais da fome emocional é que, ao invés de satisfação e saciedade, a pessoa é envolvida por emoções e sentimentos de culpa, vergonha, remorso, e raiva de sua própria impotência e descontrole sobre a comida. E aí começa o ciclo: emoções negativas despertam a vontade de comer, e após comer, outras emoções negativas surgem, fazendo com que o processo se inicie novamente. A fome emocional tem suas raízes em aprendizados e associações que fazemos desde a infância, porém, não se restringe somente a isso, mas também a costumes e hábitos socialmente disseminados pela cultura e pelo meio em que vivemos.

A questão que inicia o processo emocional da fome é: qual é a sensação que estou tentando não sentir?  Qual o problema que não estou conseguindo resolver ou então, o que está faltando e que estou tentando preencher com a comida? Emoções nos levam à comida porque não sabemos lidar com elas de formas diferentes. Não aprendemos e ninguém nos ensinou a agir de forma inteligente com nossas emoções, mas sim de forma instintiva e primitiva, e aí, quando emoções negativas nos afligem, a comida se torna uma fuga, um consolo e uma forma de alívio. Dietas, a longo prazo, são fadadas ao fracasso se o indivíduo não aprender a lidar com suas emoções ou enquanto não desconstruir crenças e associações que fazem esse processo ser algo tão automatizado. Identificar os gatilhos que estimulam a fome, exige autoconhecimento e percepção, além de autocontrole, equilíbrio e aceitação de suas próprias fragilidades. Permitir-se sentir emoções desconfortáveis pode ser muito desafiador, porém reprimir, resistir ou tentar fugir delas, pode ser muito pior. 


Sálua Omais é psicóloga e ex-professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. É pós-doutoranda em Psicologia pelo Instituto de Psiquiatria do HC -Faculdade de Medicina da USP, com doutorado em Psicologia (USP) com estágio doutoral realizado na Universidade de Cambridge (Inglaterra). É Mestre em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, graduada em Odontologia, Direito e Psicologia e autora do livro “Jogos de Azar (2009), Manual de Psicologia Positiva (2018) e Happiness and Well-Being in Islam, Springer (2025). Já realizou diversas formações nacionais e internacionais em Psicologia Positiva, Disciplina Positiva, Criatividade e Inovação e já ministrou palestras e cursos no Brasil e no exterior, impactando a vida de mais de 5.000 pessoas. Ministra cursos e treinamentos na área de crescimento e desenvolvimento pessoal, liderança, relações interpessoais, comunicação assertiva, com ferramentas que ajudam a despertar e desenvolver potenciais, habilidades e competências pessoais.
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