Férias são, de fato,
maravilhosas, pena que nem sempre duram tanto quanto esperávamos. É o chamado
efeito de desvanecimento que faz com que os benefícios durem apenas algumas
semanas após retornarmos ao trabalho. Ouvir isso certamente não é algo
não muito agradável, ainda mais se levarmos em consideração que trabalhamos o
ano todo esperando ansiosamente esse período para dar uma pausa no trabalho, recarregar
as energias, descansar a mente, refazer o planejamento dos próximos meses, ou
no mínimo, ter uma brecha de tempo para tentar organizar nossas vidas de modo
geral. Se forem bem planejadas e executadas, isto é, sem aquelas surpresas
inesperadas, as férias revigoram, reduzem a fadiga e melhoram o humor. No
entanto, isso não dura muito tempo, pois logo somos envolvidos novamente por
mais stress e preocupação. Além disso, nem sempre férias são sinônimo de
descanso para todos, sobretudo para pais e cuidadores.
Mas e aí, como aproveitar os
benefícios das férias, de um jeito mais duradouro, e evitar, ou pelo menos
minimizar, esses indesejáveis efeitos de quando acaba toda essa alegria? Uma
solução é aproveitar mini-férias mensais em vez de esperar por férias anuais
únicas. Alguns estudos sugerem que, melhor do que esperar uma ou duas vezes ao
ano para tirar um período longo de descanso, o ideal é ter pequenos momentos de
descanso, por tempos mais curtos, porém, com uma frequência maior ao longo dos
meses que se passam. Isso faz com que possamos criar pausas que, ao mesmo tempo
que não comprometam tanto o nosso trabalho, possam também nos trazer a
oportunidade de nos revigorar com mais frequência. Existem evidências de que as
férias curtas, aquelas que duram apenas alguns dias ou fins de semanas mais
prolongados, podem ser tão recuperadoras quanto viagens mais longas, aumentando
assim a sensação de bem-estar e diminuindo a tensão e o estresse, e ajudando na
recuperação da mente e do corpo.
Outra conclusão que poucos
sabem: o ato de planejar férias gera um aumento muito maior na sensação de felicidade
e humor melhorado nas semanas que antecedem as férias. Pessoas que percebem ter
controle sobre seus planos de viagem têm maior probabilidade de se sentir menos
estressadas depois de um período de férias. Uma viagem simples, a um lugar
próximo, silencioso e calmo, pode ser muito mais interessante e revigorante do
que uma estadia de duas semanas em uma praia famosa onde você está
constantemente checando seu telefone, ou a um país distante, onde você precisa
enfrentar horas de vôos, atrasos, tumultos e filas de esperas de aeroportos. Dominar
uma nova habilidade e separar-se psicologicamente do trabalho durante as férias
também ajuda a reduzir os níveis de estresse. Mas o fundamental é a
maneira como gastamos o tempo de férias. Mas para isso, é preciso uma boa
organização, já que o tempo passa rápido, e se for tempo livre, passa mais
rápido ainda. A duração do tempo muitas vezes é menos importante do que a
qualidade e a forma como fazemos o uso e desfrutamos dele. Todos sabem que os
efeitos positivos são de curta duração, e aí, cabe também a cada um de nós
utilizar outras estratégias que possam tornar não apenas os momentos de pausa
agradáveis, mas o restante do ano também.
Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. Possui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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