O que é felicidade? As pessoas agonizaram com esta questão durante séculos,
mas só recentemente a Ciência começou a dar sua opinião e pesquisar mais a
fundo sobre o assunto. A grande maioria das pessoas deposita expectativas de
felicidade em circunstâncias externas, acreditando que a felicidade acontece
quando existe alguma mudança grandiosa na vida. É o famoso “quando”, isto é,
promessas que fazemos a nós mesmos sobre eventos futuros, “quando” conseguirmos
conquistar o emprego dos sonhos, ou, “quando casar”, ou “quando os filhos
chegarem”, ou então, “quando mudarmos de cidade ou de país”. No entanto, o que
acontece é que esse “quando” muitas vezes, acaba não chegando.
O estudo da felicidade virou objeto
de pesquisa da Ciência, e vem sendo difundido por meio da Psicologia Positiva, um
movimento que se propôs a estudar, de forma científica, os principais fatores
que promovem o bem-estar do ser humano, de forma ampla e duradoura. A partir de
então, esses conhecimentos passaram a ser disseminados em diversos ambientes,
como empresas, organizações, escolas, universidades, e claro, na esfera
pessoal, tanto a nível individual como nos relacionamentos. A felicidade, no
seu sentido mais profundo, é uma questão de escolha. E essa escolha será
baseada nos significados subjetivos e nas crenças pessoais que cada pessoa
desenvolve ao longo da vida em relação ao que é ser feliz, o que exige um
autoconhecimento profundo. A felicidade significa estar sorrindo o tempo todo,
mas sim descobrir a sua própria essência, e o que faz sentido na sua vida e não
na vida dos outros, nem por padrões impostos pela mídia ou pela sociedade.
A grande maioria das pessoas associa
felicidade à euforia, uma sensação de alegria extrema, que tem um efeito rápido
e temporário, o qual dura muito pouco, e que, ao acabar, leva a pessoa para o
extremo oposto da emoção, ou seja, para a sensação de tristeza, de vazio
interno. No entanto, pesquisas revelam que um humor estável é mais
psicologicamente saudável do que um humor em que se atinge picos de felicidade
regularmente – afinal de contas, tudo que sobe desce.
Os elementos que levam uma pessoa a
alcançar maiores níveis de satisfação e bem-estar são: atitudes e emoções
positivas diante da vida (até mesmo diante das dificuldades), espiritualidade e
busca de sentido, satisfação com a vida como ela é, relacionamentos sociais, um
trabalho estimulante, valores, propósitos e objetivos de vida bem formulados,
saúde física e mental, e, claro, condições materiais suficientes para suprir
nossas necessidades. Diversos estudos já chegaram à conclusão de que, a maioria
das pessoas vive razoavelmente feliz a maior parte do tempo, mas não com uma
alegria crônica, onde não exista problemas a enfrentar, mas sim no sentido de
estar, a maior parte do tempo, livre de tristezas, preocupações, problemas de
saúde em algum membro da família e aflições. Justamente por essa em se
descobrir essa felicidade intrínseca e verdadeira, muitos não conseguem
percebê-la no seu dia-a-dia, tornando-se eternamente insatisfeitos.
O foco da felicidade humana deve
estar nessas atividades mais rotineiras, pois são elas que estão presentes na
nossa vida a maior parte do tempo, e não aquela felicidade advinda apenas em
eventos especiais. E é isso que a Psicologia Positiva procura mostrar e
estimular: fazer com que as pessoas tenham a possibilidade de fazer das suas
atividades diárias momentos agradáveis e felizes, no sentido de ter paz,
serenidade e satisfação na maior parte do tempo, ao invés de deixar para fazer
isso em apenas 10% do dia, ou do ano, ou até, da vida!
Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. Possui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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