Perdoar a si mesmo ou aos outros é realmente algo difícil e desafiador. Aquilo que, durante muito tempo, era um ato mais religioso, hoje se tornou um comportamento estimulado pela própria Ciência, já que perdoar é bom tanto para nossa saúde mental quanto física, e não somente um ato de generosidade ou humanidade.
Como o ato de perdoar é um comportamento que não é fácil, talvez possamos olhar outros elementos que nos motive a praticá-lo. Primeiramente, perdoar, não significa esquecer, apagar da memória, nem minimizar o sofrimento que foi causado. Também não é algo que será por completo, mas sim um processo gradual que envolve o tempo de se processar a agressão sofrida, um tempo que é diferente para cada pessoa. Perdoar também não é sinal de ingenuidade, tolice ou fraqueza, assim como não é necessário que o outro aceite o nosso perdão, nem que nos tornemos o melhor amigo da pessoa que nos feriu. O perdão pode ser simplesmente escolher aceitar o que aconteceu, como aconteceu ao invés de ficar eternamente lamentando o que poderia ou deveria ter acontecido. A questão fundamental do perdão é lembrar que o maior beneficiado não é necessariamente o outro, mas sim aquele que se livra dessa carga emocional negativa. Perdoar é uma atitude de inteligência e de saúde mental. A raiva é um sentimento importante para o ser humano, porém é, ao mesmo tempo, um sentimento tóxico, sobretudo se for algo crônico, alimentado pela irritabilidade prolongada, a amargura, o ressentimento e a mágoa. O perdão é algo que podemos fazer pelo nosso próprio bem, e não somente para o outro.
É claro que é muito mais fácil continuar sentindo a raiva do que relevar uma ofensa, mas isso pode ter um preço alto a longo prazo. Ao mesmo tempo, é um processo de escolha, e sobretudo uma escolha que fazemos para focar no presente e nos preparar para o futuro, ao invés de ficar eternamente preso no passado. É possível ter uma qualidade de vida melhor quando encontramos uma maneira de perdoar a nós mesmos e aos outros. Sim, deixar a raiva e o ressentimento de lado exige um esforço grande, um esforço que envolve passar por cima de memórias, de sentimentos feridos, do orgulho, e, pela lógica, o que se pode deduzir é que, se é preciso uma força imensa para isso, então perdoar, certamente, não é uma característica dos fracos.



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