Como é ser diferente dos outros? Como podemos nos expressar
e viver num mundo onde todos ou quase todos são diferentes de nós? Ser
diferente exige coragem, exige persistência, e mais do que tudo, muita, mas
muita, paciência. O caminho é mais tortuoso, o tempo é mais longo, muita coisa
se torna mais difícil de ser conquistada. E o que é ser diferente? Não é fácil chegar à resposta, pois
ser diferente abrange as mais diversas dimensões, desde a física, até a
dimensão racional, emocional e espiritual. Os diferentes podem ser
representados pela tradicional diversidade de raças, nacionalidades, sexo,
culturas, religiões, vestimentas, atribuições físicas, deficiências, assim como
também podem ser representados simplesmente por aqueles que externamente parece
igual a maioria, mas que possui formas próprias de pensar, de agir, opiniões
divergentes e até polêmicas, diferentes modos de se expressar e também, de
sentir o mundo. Ser diferente também se refere ao campo emocional. Emoções e
sentimentos são comuns aos seres humanos, porém, podem ser expressas de modos
diferentes, assim como também sentidas de modos diferentes, com mais ou menos
intensidade.
A diversidade está presente em vários planos. Se não fosse a
diversidade das flores, talvez não teríamos tantas espécies diferentes, formas
e combinações de cores nas orquídeas, mas somente o tom monocromático de uma
rosa. Se não fosse a diversidade, não teríamos as diversas raças de animais que
nos rodeiam, as diversas cores, texturas, formas. A diversidade nos abre um
campo maior de opções e de possibilidades que tornam o mundo mais rico e pleno,
nos fazendo pensar sobre diferentes perspectivas que talvez não pensaríamos se
vivêssemos num mundo de iguais. Ser aceito pelos outros é uma necessidade
profundamente instintiva. Os seres humanos são sociais por natureza, felizes
quando fazem parte do grupo e tristes quando marginalizados. Quando nos
sentimos excluídos, um alarme de medo, que nos remete aos instintos mais
primitivos, acaba surgindo nas profundezas do cérebro. Sabemos que, se
estivermos sozinhos, estaremos mais vulneráveis ao perigo.
É aqui que vem o nosso medo de ir contra a corrente e ser
diferente, apesar de em geral parecer que o anormal é aquele que se recusa a
ser ou se comportar igual aos outros, ou que já é diferente por si só, pela sua
própria natureza ou origem. Em princípio, temos pavor de sermos diferentes dos
outros, pois ser incomum exige força, personalidade, convicção e autoconfiança. É importante lembrar que nem sempre a maioria segue aquilo
que é razoável ou desejável. Números nem sempre são sinônimos de qualidade, e
por isso, o efeito manada, que faz com que o todos fazem pareça ser bom, nem
sempre o é. Crescer significa tornar-se mais independente e talvez ser
diferente. Quando nos reconhecemos como adultos, começamos a ver que temos
recursos para discordar do mundo e nadar contra a corrente. Convicções nos dão
a força para ser diferente. Nem todo mundo quer ficar cara-a-cara com o medo de
ser eles mesmos. Mas aqueles que fazem acabam encontrando a liberdade e
projetar o próprio destino, de acordo com quem realmente são.
Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. Possui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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