Sentir que todos os dias são
iguais e ruins, chatos, sem perspectivas. A sensação constante de tédio, de
estar vivendo uma vida sem cor, sem sabor, ou de que tudo é sem graça. Muitos
passam ou já passaram por isso. O Burnout, um distúrbio caracterizado pelo
esgotamento físico e mental, acomete pessoas das mais diversas áreas
profissionais, sendo os mais comuns, profissionais da área da saúde e da
educação. As pessoas que sofrem
burnout geralmente se sentem constantemente preocupadas, desmotivadas, e não
veem nenhuma esperança de mudança positiva dentro do contexto em que estão
inseridas. Um dos principais sintomas emocionais é o tédio. Aquilo que se
gostava antes, já não parece ser mais divertido nem desafiador. Confusão mental
e lapsos de memória também podem ser frequentes.
A mente começa a vagar
enquanto os outros estão tentando estabelecer uma conversa. A pessoa não
consegue ter um raciocínio rápido e acompanhar conversas rápidas e dinâmicas. A
facilidade de se dispersar é maior, e por isso, a dificuldade em aprender algo
novo acaba sendo mais difícil do que o habitual. Impaciência e irritabilidade, sensação
de incapacidade, assim como choro fácil, tornando a pessoa mais sensível, o que
faz com que até mesmo pequenas coisas se tornem relevantes. Isolamento, frieza
emocional e distanciamento social mostram que a pessoa já não tem interesse e
se sente entediada em estar com os outros. Desmotivação e procrastinação, não
começar ou não terminar projetos, alimentam ainda mais esse ciclo de frustração
e impotência. O profissional se sente
como se estivesse indo arrastado para ir ao trabalho, e precisa empregar uma
força maior do que o normal para conseguir sair da cama e ir trabalhar.
O esgotamento também pode
acontecer como resultado de relacionamentos difíceis ou situações pessoais.
Cuidar de um parente idoso ou doente, passar por uma separação ou divórcio ou
simplesmente ter de lidar com uma pessoa tóxica, no trabalho ou na vida pessoal,
aos poucos, se torna altamente desgastante. Qualquer coisa que ultrapasse os
limites de uma pessoa de maneira consistente e de maneira frequente e rotineira
pode colocá-la sob o risco de esgotamento. A tensão se torna não apenas
emocional, mas física também. Fadiga, insônia, problemas no sono, dores de
cabeça, enxaquecas, problemas digestivos, diminuição do apetite, náuseas, dor
nas costas ou nas articulações, imunidade reduzida e doenças ou dores
frequentes no corpo podem ser sinais de que o corpo assim como a mente não está
legal.
Felizmente, o esgotamento é
algo que pode ser evitado e tratado. O primeiro passo é perceber que algo está
errado e é preciso buscar ajuda profissional para isso. Fazer uma pausa também
é fundamental para colocar a mente em ordem e refletir sobre o que precisa ser
modificado. Inserir algo novo ou diferente dentro da rotina de vida, assim como
usar esses momentos de introspecção para se repensar sobre áreas que talvez
precisem ser modificadas e melhoradas, como carreira, relacionamentos, e também
nas próprias atitudes, expectativas e perspectivas de vida, que de alguma
forma, podem estar fora de sintonia com o mundo real. E claro, é preciso que
empresas, organizações e locais de trabalho também façam a sua parte, promovam
ações, gerem um ambiente de trabalho motivador e que respeite os limites de
cada um. Afinal, pessoas não são máquinas de produção, mas simplesmente.....pessoas.
Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. Possui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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