sexta-feira, 11 de outubro de 2019

SOLTEIRICE...E QUEM DISSE QUE ISSO É RUIM?


A capacidade de estar sozinho, sem se sentir sozinho, é uma habilidade, e pode ser um dos maiores aprendizados de uma pessoa. Estimula a independência para construir a vida que se deseja, e cria a vantagem de ser ter um tempo a mais para cuidar de si, da saúde, do corpo, e da vida em geral. Ser solteiro pode ajudar uma pessoa a valorizar e retribuir, mostrando que se importa com aqueles em sua rede. Já que o foco não está em um companheiro, passa-se a focar em outras pessoas ao redor como amigos e familiares, trabalho, projetos voluntários ou em outras atividades significativas.


A maioria das pessoas, quando olham ou pensam em pessoas solitárias, tiram conclusões que nem sempre são verídicas, achando que são pessoas infelizes pelo fato de serem só, ou simplesmente “diferentes” do comum. E qual o problema de ser diferente do tradicional? Será que é possível garantir a felicidade humana por meio do ‘’outro’’? Ou será que é mais fácil manter uma relação saudável, quando cada parceiro consegue criar estratégias para ser feliz com si próprio, e com isso, ter algo a mais para compartilhar com quem está ao redor, ao invés de esperar que somente o outro preencha esse vazio? É claro que ninguém pode ser autossuficiente. Como seres humanos, somos uma espécie social que depende de outras pessoas para a própria sobrevivência. Essa necessidade não diminuiu significativamente para a maioria de nós, o que faz com que até mesmo aqueles que preferem ficar sozinhos reconheçam a importância de não perder de vista as interações sociais no dia-a-dia, as quais nos possibilitam trocas de ideias, sentimentos, empatia, compreensão e apoio.

Estar ficar só pode ser um importante estágio de desenvolvimento do ser humano. São momentos onde se poder ter um tempo melhor para processar sentimentos, organizar pensamentos, metabolizar certos acontecimentos, estar em conato com si próprio, e, por meio da introspecção e olhar mais a fundo para nosso mundo interno. A solidão é uma oportunidade de autoreflexão e o ponto de partida para a tomada de decisão. Para muitos, estar só, também ajuda a aliviar as pressões sociais, e isso em certas situações pode ser uma paz, um alívio, que acaba ajudando a resgatar a energia perdida. Períodos de solidão, quando são bem utilizados, podem promover independência, autonomia e autoconfiança, gerar momentos de criatividade, de crescimento espiritual. A “tranquilidade” proporcionada pela solidão pode favorecer a construção de comportamentos e relacionamentos de melhor qualidade. Relacionamentos são importantíssimos para o ser humano, porém, ao estar livre de interações sociais e suas restrições, o indivíduo pode estar mais atento e focado, com mais tempo para explorar objetivos futuros, sem interferências ou distrações.


Estar só, pode ser uma oportunidade para se aprender a valorizar a liberdade e tornar-se mais responsável pelas próprias escolhas, ações e objetivos, desenvolvendo a força interior. Muitos abrem mão de suas preferências, e caem na armadilha de ouvir o que a sociedade ou outros acham ser o melhor, fazendo escolhas forçadas por uma companhia qualquer, apenas pela pressão social de estar em um relacionamento. Ser diferente da maioria é um desafio, mas é importante lembrar que períodos de solidão podem não só ser intrapessoalmente saudáveis, mas também úteis para melhorar a qualidade de relacionamentos futuros. 

Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmicaPossui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018). 


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