A espiritualidade tem sido,
nos últimos anos, uma área muito estudada por diversos segmentos profissionais,
e, apesar do desafio em comprovar seus efeitos ‘’cientificamente’’ falando, ela
continua atraindo a atenção de pesquisadores. Há algum tempo atrás, após a
grande repercussão dos estudos sobre a inteligência emocional, surgiu também a
descoberta a respeito da inteligência espiritual, que pode ou não ter algum
vínculo com a religiosidade, mas mais do que isso, é uma conexão do homem com
algo maior, que o mobiliza e o ajuda a enfrentar as mazelas da vida.
O espírito ou alma humana é
definido como aquilo que dá vida ao organismo, que nos leva à necessidade de
fazer perguntas ligadas ao valor e aos porquês da vida e de nossas ações. A
inteligência espiritual cria a capacidade de escolhas, conforme aquilo que é
mais forte e importante na vida de cada um, assim como um senso moral ligado ao
que é certo ou errado, ao bem ou o mal. Nos conecta à imaginação, à
criatividade, e às mais diversas possibilidades que o ser humano possa ter de
sonhar, de criar algo novo, de superar dificuldades em busca de algo relevante
para si ou para a sociedade.
Na década de 90, cientistas
descobriram o ponto “Deus” no cérebro, que, segundo eles, seria uma região que
unifica e confere sentido às nossas experiências, e por isso a inteligência
espiritual está ligada a capacidade de solucionar problemas de sentido e valor,
à capacidade do ser humano de viver e agir dentro de um contexto mais amplo,
com significados, ao invés de levar somente uma vida rasa, onde não existe uma
linha de continuidade para aquilo que se faz. As características da
inteligência espiritual são um grau elevado de autopercepção, habilidade para
enfrentar e transcender a dor e enfrentar o sofrimento, adaptabilidade,
inspiração por visões de longo prazo e valores relevantes, autenticidade,
facilidade de fazer conexões do conhecimento, e uma grande tendência de
questionar e entender os ‘’porquês’’ das coisas.
Enquanto a inteligência
emocional nos dá a percepção de nossos sentimentos e dos sentimentos dos outros,
na inteligência espiritual, a percepção é sobre nós e nosso agir no mundo. Na
inteligência emocional existe o objetivo de ampliar a percepção do indivíduo
sobre a situação em que ele se encontre, afim de que ele se comporte
apropriadamente e se adapte àquela situação, da melhor maneira possível, usando
sobretudo a autoconsciência e o autocontrole. Na inteligência espiritual, a
questão é como conduzir determinada situação, e perguntar se queremos mesmo
estar ali e o quanto é importante suportar aquilo, ou tentar mudar o que
acontece. A inteligência espiritual é, de forma simples e objetiva, a
inteligência da alma, aquela na qual não apenas reconhecemos valores que são
bons, como também descobrimos nossos próprios valores. É ela que nos dá a
consciência sobre nossa existência no mundo, nossa intuição, nossa capacidade
de refletir sobre os problemas da vida e da morte e sobre o sofrimento humano.
Sálua Omais é psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), tendo sido a 1º profissional a implantar, no estado de Mato Grosso do Sul, a disciplina de Felicidade & Inteligência Emocional como parte da grade acadêmica. Possui Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Master Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy, Educadora Certificada pela Positive Discipline Association (USA), Trainer em Neurossemântica e Programação Neurolinguística pela International Society of Neurossemantics (USA). É autora dos livros "Jogos de Azar" (Ed. Juruá/2008) e "Manual de Psicologia Positiva" (Ed. Qualitymark/2018).
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